O Monte Pescosço em Itamaraju é uma daquelas montanhas icônicas que todo escalador sonha em chegar ao cume, ela fica às margens da BR101 no Sul da Bahia e do seu cume pode ser visto o Monte Pascoal, primeiro pedaço de terra avistado por Pedro Álvares Cabral em sua expedição rumo ao desconhecido Brasil...
O projeto desta expedição de escalada e base jump no Monte Pescoço começou com um convite feito pelo meu amigo Gabriel Lott alguns meses atrás, após definido a data começamos a pesquisar algumas informações sobre a escalada nesta montanha mas não encontramos muita coisa, o primeiro contato que nos ajudou a entender melhor sobre o acesso ao cume dessa montanha foi com o morador local Rafael D'Ávila que já tinha feito a trilha até a base da chaminé final que levava ao cume, ele também nos falou sobre uma escalada que já havia sido feita nos anos 90 por um escalador que provavelmente tenha sido a primeira ascenção do cume.
Com essas poucas informações, partimos em direção ao Monte Pescoço depois de 10 dias viajando pelo Noroeste do Espírito Santo abrindo novos saltos de base jump em outras montanhas.
Chegamos no fim da tarde de Sexta-feira (14/08/2020) e fomos direto conversar com os proprietários das terras que cercam a montanha para pedir permissão para entrar e também com a esperança que eles nos contassem alguma informação a mais sobre a escalada na montanha, tivemos a mesma informação que na década de 90 tinham escalado a montanha e soltado alguns fogos de artifício para comemorar a conquista.
Depois encontramos com o Rafael, que nos detalhou a trilha de acesso até a chaminé final e com isso fomos para a pousada Vista da Pedra organizar todos os equipamentos para a primeira missão de escalada e base jump do Monte Pescoço.
Como não tínhamos um croqui da via de acesso ao cume fomos preparados para tentar encontrar a via original da conquista e também levamos um material de conquista caso tivéssemos que abrir alguma via variante à original, por isso, além dos paraquedas, levamos 1 jogo de móveis, furadeira e 9 chapeletas, 5L de água, comida para 1 dia...
A ideia era escalar a montanha e saltar em 1 só dia, então, acordamos às 4:30hrs da manhã do sábado preparamos um café e rumamos para o início da trilha.
Para explicar melhor a logística da subida que fizemos, a foto foi dividida em 3 partes:
Iniciamos a trilha por volta das 5:45hrs e depois de 25min já estávamos no início da Via que o Rafael Vendramini e Eduardo Mazza "Formiga" tinham aberto em 2017.
1) São 6 cordadas na casa do 4 grau e um 7a no final por uma variante, essa primeira parte pode ser feita também passando pela vegetação.
Nesse momento começou a chover e tivemos que buscar um abrigo na trilha, o Gabriel achou uma caverna perfeita que nos protegeu do vento e da chuva.
Depois de alguns longos minutos a chuva passou e decidimos iniciar a escalada final mesmo com a rocha úmida, e já no começo em um trepa mato de uns 10m cheio de espinho cortei a minha mão, fizemos uma parada logo em cima em uma árvore grande.
Depois seguimos por um grampo P que inicia uma chaminé de uns 8m até a primeira proteção em móvel e mais um trecho de mato para dominar o platô onde tem uma parada com argola.
Depois seguimos por um grampo P que inicia uma chaminé de uns 8m até a primeira proteção em móvel e mais um trecho de mato para dominar o platô onde tem uma parada com argola.
Gabriel subiu pela corda fixa e quando íamos começar a próxima cordada mais uma vez a chuva começou a cair e tivemos que esperar mais alguns minutos...
Quando a chuva passou iniciamos a escalada rumo a P3 protegendo a fenda em móvel até chegar no primeiro grampo P dessa cordada, tinham mais 2 para cima, como a rocha ainda estava um pouco úmida resolvi laçar o grampo e fazer esse trecho em artificial até uma árvore, mais um pouco de trepa mato e chegamos na P3 que fica em um platô, nesse momento avaliamos as possibilidades de seguir por uma chaminé cheia de mato que provavelmente foi utilizada na conquista da via original mas decidimos abrir uma via variante passando pelo final do totem e tocando o final pela face, e lá fomos nós mais uma vez, depois de chegar no topo do totem bati uma chapeleta e como o tempo estava muito instável e no fim do dia, resolvemos deixar as cordas fixas e descer para o abrigo para passar a noite.
Finalmente chegamos no cume do Monte Pescoço às 10:30hrs do dia 16/08/2020, apesar da felicidade em ter chegado no cume tínhamos que correr para achar logo um exit para saltar de base jump pois o tempo estava instável e víamos as nuvens de chuva se aproximando, Gabriel achou o livro de cume deixado pelo Rafael e o Formiga em 2017, assinamos e logo depois começamos a nos equipar para sair logo da montanha, antes que a chuva nos impedisse.
Muito Obrigado ao Super Gabriel Lott por compartilhar esse momento épico na montanha e ao Rafael D'ávila por ter nos ajudado com algumas informações precisas sobre a trilha.
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