quinta-feira, 26 de julho de 2012

Escalando com Naoki Arima



Desde quando o Naoki veio para as bandas do Espírito Santo escalo com ele, e com ele aprendi muito do que sei hoje apreciando o próprio escalando, um estilo único de escalada que flui na via de uma forma leve e controlada.

Pela admiração e amizade resolvi fazer esse video que marca um momento histórico para a escalada esportiva Capixaba, a First Ascent da Via Avalanhce - 9c (8a Fra), a via foi equipada por mim e recauchutada pelo Naoki, sendo a primeira via dessa graduação a ser encadenada no Estado.

Além disso o Naoki vai contar um pouco sobre as suas perspectivas em relação a escalada.

Gostaria de agradescer a todos que participaram desse video e que ajudam a escalada no ES a crescer, principalmente com o apoio da ACE (Associação Capixaba de EScalada - www.ace-es.org.br)

Mais informações sobre o Naoki: www.naokiarima.com

Realização: WwW.DosedeaFetamina.Blogspot.com

Muito Obrigado Japa!!!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Saindo da montanha e indo para o MAR




Sempre passando bons momentos ao lado desse meu brotherzão...Obrigado por tudo veio, sou sortudo de poder estar aqui nesse mundo aprendendo com você!!!

Deixo aqui algo que descreve um pouco do que é velejar...

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. "Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver"
Amyr Klink


Relato da Conquista da Via Bafo de Onça

 O VIDEO:



Por DuNada

Totem na Pedra da Onça – Castelo / C. de Itapemirim ES

O interesse em escalar o totem veio após a abertura da rampa de base jump no cume da Pedra da Onça, cujos atletas divulgaram alguns vídeos e dentre eles um mostra o totem com perfeição. Daí veio à vontade de iniciar a conquista, um cume virgem e com a galera do base jump dando um show a parte.
Foram necessárias três investidas:

A primeira foi para decidir o melhor acesso à base. Chegamos cedo à região e a pedra estava encoberta por nuvens, por isso rodamos por várias propriedades até encontrar o melhor acesso. Na propriedade da família Cola encontramos o Zé Criolo, um cara que também se interessou pela causa e ajudou demais na orientação dentro da mata para o melhor acesso a base. Neste dia o casal, Lú e Xerxes, também estavam na empreitada e também comeram o bolo de milho quentinho (broa) oferecido pela Valéria, esposa do Zé Criolo. Como esse bolo foi lembrado e relembrado várias vezes…


AFeto / Zé Criolo / DuNada

Na segunda investida, após alguns dias, conquistamos aproximadamente 150 metros de via. Decidimos seguir uma linha menos óbvia, com menos vegetação e na face do totem. Esta escolha resultou numa escalada bem técnica, constante e com três crux’s isolados. Achar o primeiro grampo não é uma tarefa fácil, pois este está localizado à direita da primeira canaleta gigante com trepa pedras, mato e árvores dentro dela. 

Deixamos de escalaminhar este trecho e como já foi dito partimos pela direita, contudo o último rapel foi feito por dentro dela, ficou mais fácil! Neste dia chegamos até a P4 e deixamos cordas fixas para trás.

AFeto na primeira enfiada… Isso a uns 200 metros de altura!

Na terceira investida, após dois anos, voltamos para terminar o totem e as cordas fixas não serviram para mais nada, ou quase nada, pois a utilizamos apenas para içar o material da P1 até a P3. Afeto repetiu a conquista e dormimos na P4.

Mas tudo isso não foi tão simples assim. O primeiro perrengue foi na conversa com o proprietário, que após esses anos mudou de ideia sobre a nossa passagem em suas terras. Ocorreu um problema seriíssimo numa propriedade vizinha, cujo proprietário não autorizou o acesso à cachoeira da prata e em contrapartida recebeu diversos desaforos dos “aventureiros”. De acordo com a explicação, os responsáveis pelo grupo são de Cariacica e os mesmos tem uma espécie de grupo de amigos ou empresa de turismo de aventura. 

Questionaram sobre o acesso, indagando que o dono era obrigado a deixa-los passar e chegaram até a falar que a cachoeira não era dele! A polícia precisou ser acionada.

Contudo, mesmo diante deste cenário, conseguimos mostrar nossas reais intenções e que os próximos frequentadores não terão a mesma mentalidade. Como em qualquer outra propriedade, pedir permissão para acessar a pedra e respeitar a decisão do proprietário é obrigatório!

Caminhadinha de aproximação!

O segundo perrengue foi se perder na mata. Há anos atrás cogitamos que este era um acesso relativamente fácil quando comparado a outros, mas a mata fechou e nos perdemos durante a subida. Desorientados… 

Chegamos à base do costão, que antes fora contornado pela caminhada guiada pelo Zé Criolo, e começamos nossa escalada dali achando que o primeiro grampo estava próximo. Esticamos uma corda inteira e… Nada! Mais uma e… Nada! Outra e… Nada de chegar à base! Foram aproximadamente 200 metros de costão até chegar ao primeiro grampo e quanto mais à gente subia maior era o grau de dificuldade e exposição. Se este trecho fizesse parte da via com certeza receberia alguns grampos. O sobe e desce neste trecho com as cargueiras foi muito sofrido e o resultado foi um desgaste físico a mais, que obviamente não estava previsto! Este erro atrasou mais ou menos 5 horas o início da escalada e consequentemente nosso plano de passar um dia inteiro escalando e na manhã seguinte apenas rapelar estava comprometido.

Acesso à base contornando o costão.

Mesmo em condições desfavoráveis resolvemos subir e conquistar pelo menos mais uma enfiada. A comida se resumia num pacote de granola, um biscoito de água e sal, um biscoito recheado e três litros d’água. Neste dia apenas tomamos um café da manhã reforçado na casa do Zé e comemos uns punhados de granola com biscoito de água e sal. Até agora eu me pergunto onde tinha água naquele biscoito?! Ele estava mais seco que um deserto…

Após a repetição do trecho já conquistado chegamos na P4 e armamos acampamento. Conseguimos bater mais um grampo assim que escureceu, mas resolvemos parar após alguém começar a piscar lanterna em nossa direção e responder as batidas do nosso martelo com batidas numa espécie de latão ou tonel de ferro.

DuNada fazendo o croqui.

Rapidamente desligamos as nossas lanternas, mas mesmo assim este indivíduo continuou a piscar até de madrugada, atrapalhando nosso merecido sono. Outra coisa que atrapalhou nosso sono foi a fome, pois acordei desesperado e passei a comer granola desesperadamente!

Pela manhã acionaram o corpo de bombeiros para prestar um possível socorro, ligando a sirene e passando de propriedade em propriedade perguntando sobre quem estava agarrado na pedra. Eles só não passaram na propriedade do dono das terras, que estranho! Ligamos para corporação, conversamos sobre a ocorrência e explicamos que não se tratava de um parapentista ou base jumper agarrado na pedra. Diga-se de passagem, que a polícia também foi acionada e compareceu à casa que abrigava os basejumpers para averiguações.

Acordando na P4 e o despertador foi a sirene dos bombeiros!

Esse foi o assunto dos vilarejos localizados ao redor da pedra: Quem estava agarrado lá?! O Zé Criolo conseguiu explicar para um ou outro morador, contudo esse era o assunto do dia!

Dois basejumpers deram um show a parte abrindo os paraquedas bem próximo da gente. E também conseguimos registrar um salto de wingsuit, foi muito maneiro!

Registro de um salto de wingsuit. Foto: aFeto.

Mesmo em condições desfavoráveis resolvemos atacar para o cume, ou pelo menos pra cima, ou pelo menos mais um pouco. Traçamos a rota e contamos um pouco com a sorte de não precisar voltar antes de um platô gigante localizado bem acima, um pouco antes do cume e se aquilo realmente era um platô que desse para escalaminhar e consequentemente rapelar com mais facilidade. Ainda bem que ao conquistar este platô vimos que era possível chegar bem na pontinha e bater uma parada, apenas para rapel, mas não tínhamos certeza de onde ele iria chegar ou se seria negativo, etc.

DuNada indo pro cume!

Na dúvida se o rapel daria certo ou não… E faltando apenas uma enfiada para o cume… Toca-toca pra cima! A última enfiada realmente parece um totem que encontramos para demarcar trilhas: Uma canaleta cheia de pedras amontoadas e a maioria solta, mas que com jeitinho tem como passar! A maior dificuldade foi para escolher o melhor local para bater os grampos da parada, pois a base estava completamente “podre” e a parede principal negativa… Putz, ainda bem que tinha um bloco de pedra atrás e deu para usá-lo como parada. Agora era a hora de trazer o segundo para cima e… CUME!!!

Cume da Via Bafo de Onça

Muita felicidade e preocupação de estar ali, pois o rapel era incerto, pouquíssima água, muitíssima fome, estava no meio da tarde, ainda tinha que bater dois grampos para o rapel e a gente não sabia que horas nossa energia iria acabar.

Após dois grampos batidos o por do sol começou a aparecer e rapidamente conseguimos voltar para P4 fazendo apenas dois rapéis e uma pequena travessia horizontal. A sensação de chegar na P4 era a de chegar em casa… Nem tanto assim, mas foi uma sensação boa por que todos os rapéis dali pra baixo já tinham dado certo uma vez, coisa e tal… Escureceu nesta parada!

Devolta para P4

Rapelar a noite foi tranquilo, contudo o problema seria atravessar a mata que subimos perdidos, sem o mínimo senso de orientação e forças para abrir o mato. Contamos com a ajuda do Zé Criolo, que subiu no final da tarde e aguardou pacientemente a nossa descida. Já no escuro, e com apenas a luz de um celular em mãos, ele veio ao nosso encontro e abriu um emaranhado de cipó com arranha gato e bambu espinhento… Isso um pouco abaixo daquela trilha que abrimos há dois anos e hoje está fechada. Na verdade o que o Zé fez não foi uma ajuda e sim um resgate, pois a gente não tinha a mínima chance de conseguir atravessar a mata durante a noite e mais um dia sem comer a coisa iria complicar.

A descida não foi fácil. Era constante a gente se perder na mata e ter que atravessar outros emaranhados de cipó com arranha gato. Fazia inveja da habilidade do Zé com o facão e da rapidez que ele encontrava uma solução. Encontramos um rastro da primeira trilha que abrimos e descemos por ela, ou não!

Durante a descida tivemos uma notícia estimulante, pois o Zé disse que sua esposa preparou uma lasanha pra gente! Confesso que depois disso fiquei muito mais motivado para chegar logo… rsrs

Exaustos, desidratados e famintos nós não fizemos feio na casa do Zé. Nós tomamos banho antes de devorar a tão esperada, sonhada, idolatrada… Lasanha!

De barriguinha cheia, sãos e salvos… Agora só nos resta dormir e muito!

AFeto / Valéria / Mateus / Zé Criolo / DuNada

Agradeço o apoio da Família do Zé Criolo, que foi de extrema importância nesta empreitada e que também faz parte da história desta conquista!

Agradeço também a minha família, Celin, que também ajudou e sempre esteve a disposição para o que precisássemos. Tia Lena com sua comida e hospitalidade maravilhosas. Estevão, meu primo, sempre fazendo uma graça com um peixe frito, churrasco… Desta vez furamos com ele e espero que ele leia este relato para entender o motivo!

Estevão de camisa branca e Tia Lena de blusa vermelha

E agradeço principalmente ao Afeto, pois muitos verbos que conjuguei neste relato na primeira pessoa do plural era pra ser no singular. Incrível o que ele fez nesta conquista e consequentemente me deu este presentão!

AFeto no CUME!

Via Bafo de Onça 6° VIIc D2 E3

Conquistadores:
Caio Salomão Amador – Afeto
Roney Celin Magri – DuNada

Data da Conquista: 26/06/2012

Foto tirada por um basejumper!


Croqui Incompleto! Em breve estará atualizado e no site da ACE.